Mari da Saúde fala pela primeira vez sobre processo: “comprovarei que não houve má-fé”
Após reassumir o cargo de vereadora na semana passada, Elveni Capitani Turmina (Mari da Saúde) manifestou-se na tribuna durante a sessão de ontem (19) do Poder Legislativo de Marechal Cândido Rondon. Na oportunidade, ela se falou publicamente pela primeira vez sobre o processo que responde na Justiça, motivo pelo qual foi afastada do cargo de secretária municipal de Saúde em março deste ano.
As investigações apuram denúncias de que haveriam sido cometidas supostas irregularidades em quatro procedimentos cirúrgicos pagos pelo município, no valor aproximado de R$ 27 mil.
Emocionada, durante seu pronunciamento Mari da Saúde chorou em alguns momentos. Após falar sobre a sua trajetória profissional e suas atividades na vida pública, ela afirmou que “agora precisa enfrentar de cabeça erguida um único processo”. Segundo ela, a Justiça questiona “quatro procedimentos dentre milhares, que talvez por equívocos de cadastramentos, resultaram num processo cheio de achismos e de conclusões precipitadas, justamente às vésperas do período eleitoral. Agi com boa-fé ao longo de toda a minha vida”, afirmou, concluindo que não irá responder aqueles que a ofendem pessoalmente ou nas redes sociais, mas que irá “enfrentar esta batalha na busca pela melhor justiça, que é a justiça divina”.
Após o pronunciamento, os vereadores Adriano Cottica, Elmir Port e Josoé Pedralli manifestaram-se solidariamente, afirmando que ela deve defender-se “de cabeça erguida” na Justiça.
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ÍNTEGRA DO PRONUNCIAMENTO DA VEREADORA MARI DA SAÚDE:
“Excelentíssimo senhor presidente, demais colegas vereadores, boa noite a todos. Boa noite aos presentes no plenário desta Casa, aos representantes da imprensa, aos internautas que agora nos assistem, caríssimos amigos, correligionários, eleitores, cidadãos deste maravilhoso município.
É com muito prazer que retorno hoje a esta Câmara, representando não somente os 1.092 eleitores que depositaram sua confiança na amiga Mari, como também todos os rondonenses que querem o melhor para este município.
Quem está aqui, prezados amigos, é a Mari que vocês sempre conheceram ao longo de todos esses anos. A mesma Mari que, ainda menina, já trabalhava como empregada doméstica em casas deste município. A mesma Mari que foi balconista. A mesma Mari que atende a saúde municipal desde o mandato do então prefeito Ademir Bier até o final do ano 2000.
Quem está aqui é a mesma Mari que desde o início do governo Moacir e Cottica se dedicou a possibilitar o acesso à saúde para toda a população rondonense, principalmente para aqueles que nunca tiveram condições de buscar atendimento ou que não conseguiam aguardar meses para agendar uma consulta ou a realização de algum exame ou procedimento.
Enfim, aqui está a mesma Mari que aceitou a honrosa missão de ser vereadora e também secretária municipal de Saúde. Que aceitou ser secretária, mas que não deixou de ser a Mari de sempre.
Desde pequena eu ouvia a expressão de que ‘ninguém atira pedras em árvores que não dão frutos’. Hoje sinto na pele as pedras que algumas pessoas insistem em atirar. Com a minha humildade, com meu trabalho, busquei produzir frutos. Não para viver desses frutos, mas para melhorar um pouco a vida das pessoas que, como eu, não tiveram condições de arcar com despesas de consultas, deslocamento, exames e tantos procedimentos que, embora dever do Poder Público, sabemos que nem sempre foi permitido o acesso pela população carente.
Vereador Elmir, trabalhei como empregada em sua casa quando eu ainda era adolescente. Convivi com a sua família, ajudei a cuidar o Tiago, seu primeiro filho. Você sabe que mantive a mesma humildade até hoje.
Meus amigos sabem, meus eleitores sabem, o povo sabe quem é a Mari. A mesma Mari que foi doméstica, é a mesma que se dedicou a proporcionar acesso à saúde aos que mais necessitavam. A mesma Mari que é vereadora. A mesma Mari que tantas vezes já foi considerada a melhor e mais atuante secretária municipal dos últimos anos. A mesma Mari que mora há 20 anos na mesma casa no BNH.
Retorno a esta Casa de cabeça erguida, sabendo o resultado do bom trabalho que desempenhei na Secretaria de Saúde ao longo de tantos anos.
Sou humilde para reconhecer que não conquistei sozinha os números apresentados pela Secretaria de Saúde nos últimos anos, todos de conhecimento público, pois disponíveis no Portal da Transparência e amplamente divulgados nas audiências públicas em que a maioria dos senhores vereadores devem ter comparecido. Em 2013 foram 13.041 exames e 4.874 consultas. Em 2014, 17.473 exames e 5.923 consultas. Em 2015, 20.806 exames e 5.573 consultas.
Por trás desses números não está somente a Mari, estão todos os servidores da Secretaria de Saúde e, principalmente, o apoio irrestrito da gestão Moacir e Cottica.
Porém, as melhores marcas, senhores, foi a eliminação das longas filas de espera para agendamento de atendimentos. Acabaram-se os tempos em que as filas davam a volta no quarteirão da Prefeitura.
Mas a Mari continua a mesma. A Mari que não esquece a sua origem humilde e que sempre foi e continua sendo a mesma Mari, que representa tantas Marias e Josés deste município.
É a Mari, que agora precisa enfrentar de cabeça erguida um único processo. Processo este que questiona somente quatro procedimentos cirúrgicos, dentre os milhares realizados, que talvez por equívocos de cadastramentos, resultaram num processo cheio de achismos e de conclusões precipitadas, justamente às vésperas do período eleitoral.
Agi com boa-fé ao longo de toda a minha vida e isto ninguém poderá retirar da minha história. As pessoas com quem trabalhei, as pessoas com quem convivi, as pessoas que atendo na Secretaria de Saúde sabem que a boa-fé, a vontade de atender bem e de resolver problemas sempre estiveram presentes em minhas atitudes.
Porque a Mari continua e continuará a mesma. A Mari que nunca esqueceu a sua origem humilde e que não será agora que baixará a cabeça para aqueles que pretendem lhe atirar pedras.
Fui afastada por ser a gestora da pasta. Qualquer gestor naquele momento seria afastado.
Acredito no Judiciário, único local onde me defenderei. Lá eu serei ouvida e poderei dar a minha versão dos fatos e, certamente, comprovarei que não houve má-fé em nenhum ato praticado enquanto estive na Secretaria de Saúde deste município. Procedimentos estes de 2012, do qual eu não era secretária.
Não responderei aqueles que procuram me ofender pessoalmente ou nas redes sociais, que tentam manchar a história da minha vida. A história da minha vida sempre foi e sempre será escrita com a caneta da humildade e do fazer o bem ao próximo. Isto ninguém poderá mudar.
Agradeço a todos os que realmente me conhecem e vêm me apoiando. Juntos enfrentaremos essa batalha na busca pela melhor justiça, que é a justiça do reconhecimento, a justiça da verdade, a justiça divina.
Muito obrigada.”