Veterinário da Adapar denuncia falta de servidores para fiscalização agropecuária
No início deste mês, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reconheceu o Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação. O ato foi oficializado por meio da Instrução Normativa 52, publicada em 11 de agosto, a qual começa a vigorar em 1º de setembro.
Além do Paraná, Acre, Rio Grande do Sul, Rondônia e partes dos territórios do Amazonas e do Mato Grosso também foram declarados áreas livre da doença sem vacinação. A medida foi comemorada como mais um passo rumo para ao reconhecimento internacional por parte da Organização Mundial de Saúde Animal, o que deve ocorrer em maio de 2021. Ainda neste mês, o Mapa deve encaminhar o pleito para que o Paraná seja reconhecimento internacionalmente como área livre de aftosa sem vacinação.
Porém, segundo o Sindicato dos Servidores da Defesa Agropecuária do Paraná (Sindefesa), o status alcançado pelo Estado pode estar ameaçado pela falta de fiscalização adequada sobre a sanidade da produção rural.
É o que foi revelado ontem (24), durante a Tribuna Popular da sessão da Câmara de Vereadores de Marechal Cândido Rondon, pelo médico-veterinários Nilson de Freitas Gouvea. Há 28 anos servidor de carreira da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Nilson atua na unidade administrativa de Marechal Cândido Rondon.
De acordo com ele, a região Oeste se destaca na atividade agropecuária do Paraná. Dados recentes indicam que Toledo lidera o Valor Bruto da Produção (VBP) no Estado, com R$ 2,6 bilhões alcançados em 2019. Cascavel está em terceiro lugar, com R$ 1,6 bilhão; sendo que Marechal Cândido Rondon ocupa a quinta posição do ranking estadual, com R$ 1,1 bilhão.
O VBP é a soma do faturamento das propriedades rurais de cada município.
Contudo, apesar dos valores expressivos, o médico-veterinário da Adapar denuncia que o número de servidores e a estrutura do órgão está longe de atender as necessidades da atividade rural paranaense, especialmente no Oeste.
Ele cita, por exemplo, que a unidade rondonense da Adapar conta hoje com apenas 1 médico-veterinário para atender cinco municípios. Somente nos seis primeiros meses de 2020, foram feitos pela unidade local 112 atendimentos de emergência com suspeita de doenças em rebanho. Além disso, ainda é realizado pelos servidores o atendimento em barreiras e a fiscalização em frigoríficos, entre outros serviços.
De acordo com Nilson, a falta de mais funcionários compromete a qualidade dos trabalhos de defesa agropecuária, o que representa grandes riscos para as atividades rurais não só da região, mas de todos o Estado. No caso da bovinocultura, suinocultura e da avicultura, os principais riscos são doenças como a febre aftosa, a peste suína clássica, além da doença de Newcastle e a influenza aviária, respectivamente.
Projetos de lei
Na Tribuna Popular, Nilson afirmou que o Sindicato dos Servidores da Defesa Agropecuária do Paraná (Sindefesa) – entidade criada neste ano – está empenhado em reverter esta situação.
Como medidas principais o Sindicato cobra as autoridades políticas para que aprovem os Projetos de Lei Federal 173 e 145/2020, que retiram os servidores da defesa agropecuária de todo o país do congelamento obrigatório de salários imposto recentemente ao funcionalismo público até 2021. Também requerem a aprovação do projeto de lei estadual que prevê a reestruturação da carreira dos servidores da Adapar.
Segundo Nilson, 40% dos servidores aprovados nos últimos três concursos públicos desistiram da carreira na Agência de Defesa Agropecuária do Paraná, pela falta de valorização e de estrutura para trabalhar.
Além disso, o concurso público previsto para acontecer em 2020 foi suspenso pelo Governo do Paraná devido à pandemia do novo Coronavírus.
Conforme dito pelo médico-veterinário, sem os devidos investimentos na defesa agropecuária, “vamos matar a galinha dos ovos de ouro”, no caso se referindo à riqueza gerada pela atividade agropecuária paranaense.
Os vereadores manifestaram preocupação com as informações apresentadas e garantiram que farão uma mobilização, juntamente com demais autoridades regionais e estaduais, visando garantir condições adequadas de trabalho à Adapar, em favor do agronegócio em todo o Estado.